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A violenta história de Água Branca

Car@s, nossa pequena e complexa cidade precisa passar por um processo de leitura e releitura de sua história. Só é possível seguir adiante se compreendermos os mecanismos que nos trouxeram até aqui.

O mundo mudou, como Água Branca faz parte do mundo, também mudamos. Como exemplo cito o advento da internet, esse instrumento possibilita várias conexões e interações em tempo real. Veja que nesse momento estamos trocando ideias e percepções sobre nossa realidade.

O Camilo Cienfuengos é fruto desse invento.

Há 20 anos, contava-se nos dedos as família que possuíam um telefone em casa, hoje com apenas um click, podemos expressar nossas opiniões.

O número cada vez crescente de jovens e adultos com acesso a estudo possibilita o contato com novos mundos e informação.

Aqui as pessoas passaram a ter condições de adquirirem bens de consumo. Antes à residência que possuía um aparelho de televisão colorido era considerada de alto padrão. Talvez os mais novos não lembrem, mas era comum as pessoas comprarem umas telas portáteis coloridas para afixar na frente da TV.

Dito isso, sigamos para uma breve análise da violenta história de Água Branca. No início, quando o Coronel Faustino Vieira Sandes aportou nessa terra, trouxe com ele a vontade de crescer e explorar as riquezas desse pedaço de chão.

A história nos diz que a gênese de Água Branca se deu da seguinte maneira: Sua história começa no século XVIII, com a chegada da família Vieira Sandes, ancestrais dos Torres, que permanecem na cidade e em outras partes de Alagoas, atuando na agricultura, pecuária, comércio, indústria, política, magistratura, magistério, medicina, literatura e em outros campos.

O coronel Faustino Vieira Sandes, foi o dono da sesmaria (grande propriedade) que originou a povoação de Água Branca, antes denominada Matinha de Água Branca, uma alusão a fonte de água muito branca que existia no local.

Terra fértil, logo a família Vieira Sandes começou o plantio de lavouras. Até a cana-de-açúcar foi plantada, gerando a implantação de engenhos de rapadura, que duraram vários anos. A fé católica presente na família, fez com que fosse erguida a primeira capela, em louvor de Nossa Senhora do Rosário. Só em 1864, criou-se a Freguesia, já com a nova padroeira: Nossa Senhora da Conceição. A vila foi criada em 24 de abril de 1875.

Famílias tradicionais: Vieira, Torres, Luna, Sandes, Bezerra de Melo, Feitosa, Villar, Menezes, Serpa, Bandeira (inclui Delmiro Gouveia).

Assim sendo, é possível inferir que nossa cidade começou com um dono, tudo que havia em nosso território era propriedade de um único indivíduo, assim foi sendo transferidos aos seus familiares que foram se proliferando e ocupando espaço.

Nessa terra foi gerada muita riqueza, basta observar a imponência de nossos casarões e de nossa Igreja Matriz. Para se ter uma ideia do montante de recursos que aqui passou, façamos uma conta rápida, quanto custa construir hoje o monumento à Nossa Senhora da Conceição? No mínimo uns R$ 30.000.000,00 (trinta milhões de reais). Fiquemos apenas com esse exemplo.

Essa fortuna foi gerada pelas mãos calejadas de milhares de trabalhadores e trabalhadora água-branquenses. Como sempre foi na história da humanidade, a elite comia o filé e o povo o osso.
Água Branca tornou-se a potência econômica e política de toda essa região, atraiu muita gente para cá, inclusive Delmiro Gouveia, aqui recebido pelo Coronel Ulisses Luna, este deu todo suporte econômico e político para que o pernambucano torna-se uma lenda. Essas pessoas eram nobre, ricos e bem instruídos. Daqui comandavam parte da política alagoana.

A liderança de todo esse processo se deu pela mãos da família Torres, por mais de um século eles determinaram os destinos de nosso povo.

Em 1992, esse ciclo foi rompido com a derrota da candidata a prefeita, Isabel Torres, filha do herdeiro político do clã, Roberto Vilar Torres.

Na sequência, por um ato de desespero, o candidato natural à sucessão ao então prefeito Luiz Xavier, Hélio Costa, foi assassinado. As suspeitas recaíram sobre a família Torres, fato até hoje sem comprovação. O que há de concreto é que o clima de medo tomou conta da população, tudo muito bem explorado pelos políticos da situação. Para se ter uma ideia, até hoje a vereadora Tânia Costa angaria votos explorando esse fato.

O grupo formado a partir da eleição de Luiz Xavier era heterogêneo, composto por um grupo de jovens idealistas e por velhos políticos que antes apoiavam os Torres.

O resultado dessa conjuntura foi a indicação de Zé de Dorinha como candidato a prefeito no pleito de 1996, mesmo contra tod@s que faziam parte do grupo de Luiz Xavier. O velho, como é chamado, fez um cálculo simples, sem Hélio Costa no páreo, caberia ele escolher alguém despreparado e sem cacife político para que ficasse em suas mãos, pois como tinha muito prestígio e força política, seria fácil eleger o escolhido. Tudo isso, pensando em voltar a ser prefeito na eleição de 2000. Para seu desespero, Zé de Dorinha não era tão inocente como ele pensava e a Emenda Constitucional da reeleição foi aprovada, dando a José Rodrigues o direito de candidatar-se novamente.

O resto tod@s já conhecemos.

Nossa história sempre foi marcada pela violência, seja ela física, moral ou social.

O povo sempre foi explorado e mantido na miséria. Aqui nunca houve democracia, mesmo nós estando em pleno 2015. O bem público sempre foi tratado como particular, propriedade de uma família.

Hoje seria fácil culpar exclusivamente Zé de Dorinha por toda a miséria que nos assola, mas não é tão simples assim.

José Rodrigues Gomes é fruto de todo esse processo, com isso, não estou isentando o ex-prefeito de toda desgraça que ele já promoveu, mas chamo a atenção para o fenômeno que o leva a ganhar eleição após eleição.

O primeiro ponto que quero destacar é o fato de que parte de nossa sociedade é tão corrupta quanto ele. Quem sustenta Zé de Dorinha no poder são as famílias de classe média de nossa cidade. Olhemos à nossa volta, quem são os agraciados com empregos e favores na prefeitura? Identificou? Pois, são esses que dão sustentação a José. Ele não é nenhum rei ou imperador que governa por meio de decreto, pelo contrário, precisa negociar muito com essas famílias. Conhecemos casos onde existem três, até quatro pessoas com o mesmo sobrenome recebendo salário da prefeitura.

Nossa elite é corrupta, cruel e impiedosa. Zé de Dorinha é apenas o representante dessa gente.
Tod@s sabemos que pouquíssimos estão preocupados com o povo. Cada um está interessado em receber o seu. Quem está grudado na teta defende o governo, quem não está, critica pelas esquinas e bares da cidade.

As vezes me pego a pensar porque estou dedicando meu tempo e esforços aqui. Tem momentos que pode até parecer inocência de minha parte, mas prefiro que seja assim.

Não quero aqui de maneira alguma me apresentar como moralmente superior aos demais, que só eu sou bonzinho e os demais são maus. Desconfie de quem quer ser sempre certo, correto e honesto.

Atrás de um moralista sempre existe um pervertido.

Estou aqui porque tenho a ilusão de que um dia as coisas melhorem.



Comentários

  1. Olá, boa noite.

    Sou aluna de jornalismo da ufal, e seus fazendo um levantamento sobre os secretários da cidade de Água Branca. A pesqueisa que estou fazendo quer saber, quem foram os secretários nomeados nos anos de 2008 e 2012, então se poder dar essa ajuda, ficaria muito feliz.

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  2. Olá, Sou Marcos Antonio de Maceioó, estou pesquisando sobre a historia de meu Avô que saiu de Flosreta-PE e foi para Agua Branca -AL, LA mudou o nome fr Manoel Dantas de Souza Ferraz para Monoel Dantas Correia e mudou os nomes de meu pai e meus tios, todos SOuzaFerraz Para Corrêa. acredita-se que ele tenha feito isso, por que era primo de Hercilio Correia que foi prefeito em 1955, estou querendo saber mais sobre isso. porém já conseguir comprovar a existencia de Hercilio Correia e seu assassinato, pelo que parece pela familia Torres. se for verdade, já existia um caso de assassinato dessa familia bem antes do caso que você relatou! estou procurando saber mais!!!

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